À pedido da PF, o ministro do STF Alexandre Moraes determinou a suspensão do app Telegram no país. A mídia corporativa correu com suas estratégias desonestas com manchetes do tipo “Para especialistas, bloqueio do Telegram não configura censura”, “Bloqueio do Telegram atinge grupo de hackers que atacaram Saúde” ou “Sem Telegram, Bolsonaro pode perder em divulgação e coordenação de estratégia nas redes, dizem especialistas”.
Qualquer pessoa que preza a liberdade de expressão e o direito de nos comunicarmos está indignada com a notícia. A mídia atesta que o Telegram falhou em não abrir as contas de pessoas sob investigação pela polícia, já o escritório que representa o aplicativo no Brasil diz que o STF citou a empresa pelos canais errados. Enquanto isso, o fundador do aplicativo, Pavel Durov, se manifestou pedindo desculpas, alegando problemas com emails e informando que está nomeando um representante legal no Brasil.
Mas o que é assustador é a velocidade com que a mídia direciona a ansiedade, frustração e falta de sentido na vida das pessoas de um lado para outro como quer para compor um raciocínio emburrecido de bando, sem que a maior parte das pessoas consiga perceber.
Quem são os “especialistas” que dizem que essa medida não é censura? Os mesmos que diziam que o programa de injeções implementado durante a pandemia impediria transmissão? Os mesmos que baniram das plataformas as pessoas que lá no começo cogitaram uma origem laboratorial do vírus? Os mesmos que endossaram o F D A e que agora se calam diante do fato que a principal fabricante e a agência reguladora pediram mais de 70 anos para liberar os documentos com os dados, procedimentos e resultados usados para implementar um programa global de imunização? Os mesmos que se calam diante dos dados OFICIAIS de que esse é o programa com maior número de efeitos indesejados, lesões e óbitos que todos os outros somados nos últimos 50 anos? E os grupos de mídia, são os mesmos que vem trabalhando em prol das gigantes das technologias para calar qualquer pensamento dissidente?
Estes grupos corporativos e “especialistas” são os mesmos que definiram o que era “desinformação” nos últimos dois anos, difamaram e censuraram vozes importantes para que possamos entender melhor as complexidades do nosso tempo e o alcance da corrupção corporativa sobre as agências reguladoras, seja na saúde, com um programa experimental desastroso ou na agricultura, autorizando insumos que causam canceres e doenças neurológicas. São os mesmo que não são capazes de se retratar quando a ciência ou a História os prova errados!
A mídia usa a baixa popularidade do Bolsonaro e o ranço pejorativo que ela mesma criou em torno dos que (com boas razões e muitas evidências) questionam o aparelhamento dos governos e políticas públicas sanitárias nacionais e internacionais por corporações criminosas para manipular grande parte do campo progressista. E infelizmente a tática tem funcionado. Seguimos com grande parte da ‘esquerda’ pavimentando o caminho para o #totalitarismocapitalista apoiando medidas que centralizam renda, poder e território; tudo em nome da necessidade de sinalizar virtudes ao invés de assegurar liberdades e decentralização dos meios de produção, da renda e do poder de tomada de decisão.
O preço da liberdade é a eterna vigilância (John Phicot Curran)! Nós não conseguiremos uma maioria da população capaz de discutir, analisar e decidir por si mesma sobre os assuntos que mais lhe interessam (o que constitui uma democracia verdadeira) terceirizando as decisões para “especialistas” fabricados pela mídia corporativa. Nós somos os especialistas das nossas próprias complexidades e necessidades. Não devemos jamais terceirizar as decisões sobre nossa saúde, nossos corpos, como queremos viver ou nos comunicar!
Cercear nosso direito (somos milhares de pessoas) de nos articularmos livremente para criarmos a realidade que queremos, só para lesar pessoas em campos ideológicos opostos aos nossos é um erro grave. Ao fazer isso, estamos defendendo a centralização de poder, de veiculação de informações e de criação das narrativas, que, por sua vez definem a realidade e orientam nossas ações.
As minhas redes no Telegram somam mais de 2mil pessoas trocando informações e se articulando para realizar a transição ecológica, o exôdo urbano planejado, para criar cadeias de produção, distribuição e consumo de alimentos agroecológicos! Todas ideias, ações e articulações essenciais para co-criarmos alternativas justas, ecológicas e dignas para todos.
Quantas redes mais estão sendo censuradas indiretamente? Será que o interesse da mídia é desarticular uns poucos que agem de má ou uma grande maioria que passou a se informar, articular e agir à revelia das narrativas corporativas apresentadas?
Ironicamente, por conta do cenário geopolítico atual, a lógica apresentada pela mídia corporativa para censurar o Telegram, revela a necessidade de refletirmos mais profundamente a lógica das narrativas apresentadas. Segundo parte da mídia corporativa e de muitos progressistas brasileiros, a censura se justifica porque o Telegram é o aplicativo com maior número de neonazistas, “antivacinas*” e criminosos cibernéticos.
Sendo assim, devemos então embargar toda a Ucrânia porque é um pais com uma concentração enorme de neonazistas? Devemos abrir mão de mecanismos de comunicação não rastreáveis, não espionáveis, porque um número menor de pessoas se aproveita para ações criminosas?
Passaremos a condenar à priori os grupos de pessoas que buscam esse tipo de comunicação livre porque a elite financeira que controla a mídia corporativa se sente ameaçada com as opiniões, articulações e ações de um número crescente de pessoas que se recusa a participar do teatro deles?
Eu acredito que estamos entrando rapidamente em uma era de um capitalismo totalitarista com um pensamento reducionista de bando perigosíssimo. O mesmo tipo de pensamento que permitiu que a religião queimasse mulheres vivas, que o Maccarthismo arruinasse a vida de pessoas progressistas nos EUA, que o Nazismo perseguisse e assassinasse milhares de judeus e o que o Stalinismo matasse milhares de seus compatriotas.
No meu entender, eu sou o especialista da minha própria complexidade, ninguém a não ser eu mesmo deve decidir pela minha saúde (ou a dos meus filhos), pela maneira com que escolho me comunicar e ou viver.
E você já usava o Telegram? Vai continuar usando? Acredita que essa ação, mais que uma censura é uma estratégia de boicote da articulação popular?