Estudo revela que melhor planejamento da agricultura poderia previnir perda de 80% da biodiversidade

  • Resultados de uma nova pesquisa mostram que aproximadamente 90% da biodiversidade que os cientistas preveem que será perdida com a expansão da agricultura poderia ser salva se usássemos planejamentos de ocupação de terra mais eficazes para áreas com menor número de espécies.
  • A pesquisa concluiu que 10 países compartilham grande parte desse potencial por eles e que poderiam, por eles mesmos, reduzir a perda da biodiversidade em até 33%.
  • Entretanto, existem ressalvas. Os pesquisadores alertam que a maioria desses países está entre os “20 piores” ranqueados em termos de impacto ambiental e tem problemas políticos e de governabilidade que impediriam o uso eficaz do planejamento de ocupação rural em nível nacional. Os pesquisadores também alertam que a otimização do uso de áreas rurais visando a proteção dos recursos naturais em alguns dos países mais biodiversos podem acontecer “as custas das próprias oportunidades de produção e desenvolvimento econômico.”
  • Os pesquisadores revelam que para que os países mais biodiversos do mundo possam atingir seu pontencial máximo de conservação enquanto fornecem alimentos para suas comunidades humanas as políticas globais de uso de terras precisam integrar melhor os desafios de governabilidade, políticas públicas e economia presentes nesses países.

Artigo escrito originalmente em inglês por Morgan Erickson-Davis, dia 16 de Março de 2018. Tradução livre feita por Eurico Vianna, PhD. dia 20 de março de 2019.

Um planejamento melhor poderia salvar muita vida selvagem é o que revela um estudo publicado recentemente na Global Change Biology. A pesquisa revelou que aproximadamente 90% da biodiversidade que os cientistas preveem que será perdida com a expansão da agricultura poderia ser salva se usássemos um planejamentos de ocupação de terra mais eficaz dirigido para áreas com menor número de espécies.

Para esse estudo os pesquisadores das instituições alemãs como o Centro para Pesquisa Ambiental de Helmholtz (UFZ) e Centro de Pesquisa para Biodiversidade Integrativa (iDiv) pesquisaram dados sobre a distruibuição e habitat para quase 20.000 espécies de vertebrados fazendo projeções de intensificação da agricultura e de cenários com otimização da utilização das áreas disponíveis.

Os pesquisadores revelaram que se a expansão da agricultura fosse otimizada por áreas por meio de uma coordenação global que as direcionasse para as áreas com menos biodiversidade, até 88% das perdas de biodiversidade projetadas poderiam ser evitadas. Se coordenadas apenas em nível nacional, o estudo revela que minimização da perda seria de 61%.If coordinated at the national level, their study indicates that number would be 61 percent.

A pesquisa revelou ainda que 10 países compartilham grande parte desse potencial por eles e que poderiam, por eles mesmos, reduzir a perda da biodiversidade em até 33%.

Área ao lado da floresta tropical no Parque Nacional Gunung Leuser na Indonésia desmatada para plantio de óleo de palma (azeite de dendê).

“Alguns poucos países tropicais incluindo a Índia, o Brasil ou a Indonésia teriam de longe o maior poder de alavanca para tornar a produção de alimentos mais sustentável”, declarou o co-autor do estudo e pesquisador do iDiv e da Universidade de Leipzig, Carsten Meyer.

A pesquisa revela que esses resultados implicam “ganhos de eficiência enormes” podem ser alcançados por meio da cooperação internacional, mas que existem algumas ressalvas.

Os pesquisadores declaram que a maioria desses países estão ranqueados entre os “20 piores países” em termos de impactos ambientais e que eles tem problemas políticos e de governabilidade que impedem o planejamento para uso eficaz de suas terras em nível nacional.

“Infelizmente esses países também são frequentemente caracterizados por conflitos internos relacionados ao uso de suas terras assim como por instituições relativamente fracas na gestão das terras, ambas essas características inibem a otimização do uso das terras”, disse Meyer.

De acordo com o autor principal, Lukas Egli, pesquisador da Universidade de Göttingen e do UFZ, existe ainda outro fator complicador. Ele disse que a otimização do uso das terras de forma a proteger os recursos naturais dos países mais biodiversos, podem acontecer “as custas das próprias oportunidades de produção e desenvolvimento econômico [desses países]”.

“A não ser que esses interesses nacionais conflitantes possam ser acomodados de alguma forma dentro de políticas de sustentabilidade internacionais, uma cooperação global parece improvável e pode gerar novas dependências socio-econômicas”, disse Egli.

Os pesquisadores revelam que para que os países mais biodiversos do mundo possam atingir seu pontencial máximo de conservação enquanto fornecem alimentos para suas comunidades humanas as políticas globais de uso de terras precisam integrar melhor os desafios de governabilidade, políticas públicas e economia presentes nesses países. Os pesquisadores declaram que os resultados do estudo poderiam ser usados para “guiar doadores internacionais e as instituições emponderadoras no uso estratégico de investimentos.

“Esforços focados são necessários para melhorarmos a capacidade de integração do planejamento do uso de terras com a sustentabilidade”, disse Meyer.

Referência:
Egli, L., Meyer, C., Scherber, C., Kreft, H., & Tscharntke, T. (2018). Winners and losers of national and global efforts to reconcile agricultural intensification and biodiversity conservation. Global change biology.

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