O Ovo-móvel

A função principal do Ovo-móvel é a otimização da área de pastagem com galinheiro móvel sendo instalado logo após a saída do gado de determinada área. Nesse caso as galinhas se alimentam parcialmente do que seriam pragas no pasto por conta da alta concentração de adubo das vacas manejadas intensamente em cada área. Por exemplo as moscas, os insetos, carrapatos, parasitas, etc. que tendem a se proliferar demais na falta de predadores naturais. Outra função é usar as galinhas para espalhar ainda mais (porque ciscam a área) o adubo deixado pelo gado.

O uso combinado da criação móvel de galinhas poedeiras[1] com o rodízio dos pastos, permite uma sobreposição de empreendimentos por área que imita a maneira como as savanas comportam manadas variadas de herbívoros sempre seguidos por bandos de aves.

Nota: As informações contidas nessas notas foram resumidas e traduzidas por Eurico Vianna de uma palestra do Joel Salatin sobre como ele usa esse sistema de galinhas poedeiras para higienizar e fertilizar os pastos usados pelo gado.

1 – O tamanho e o desenho do galinheiro móvel

Embora o tamanho e o desenho do galinheiro móvel possam variar, o comportamento e o número de galinhas define algumas dimensões. No caso do galinheiro, uma área interna de aproximadamente 22m2 é o suficiente para abrigar em torno de 400 galinhas poedeiras.

O galinheiro pode ser feito com estruturas de madeira com telhas galvanizadas como parede e teto sobre um chassi de reboque, carroça, carro ou caminhonete. Para um galinheiro bem simples, o teto pode ser plano desde que use uma única peça de telha galvanizada (como o terreno sempre tem um declive natural o próprio posicionamento do galinheiro no terreno cria o desnível necessário para o escoamento da água). Outra opção é usar teto com calha para colher água da chuva para barris anexados à estrutura (nesse caso é preciso avaliar o custo benefício das adaptações em relação à facilidade de disponibilizar pontos de acesso à água no terreno).

Para o interior podem ser usados engradados plásticos reciclados ou qualquer outro material barato e leve que possa ser usado como ninho. Também é importante incluir poleiros (de preferência de madeira), chão de tela vazada (que permita com que o adubo escoe para o pasto) e rampa de acesso.

É importante manter os custos de construção o mais baixo possível para que se possa aumentar o lucro nesse tipo de empreendimento. Sempre que possível é recomendado que se use recursos reciclados e alternativas criativas e funcionais ao invés de investir em infraestrutura nova para galinhas (que precisam de abrigo, comida e água limpa, mas não tem nenhum senso de estética arquitetônica[2])

2 – As dimensões da cerca

É recomendada uma área de 1000m2 para até 1000 galinhas poedeiras (normalmente abrigadas em dois galinheiros móveis dentro do mesmo pasto). Como as galinhas tendem a explorar um raio de aproximadamente 180m a partir do galinheiro (ninho ou poleiro) se faz necessário mover o sistema constantemente (de 3 em 3 dias). Movendo sempre o sistema fazemos com que as galinhas não se acostumem com a área e prefiram sempre botar no galinheiro ao invés de no pasto. Não é recomendado que este sistema seja usado em áreas pequenas (menores que 50 acres) onde o rodízio seria limitado.

Um energizador pequeno de 0.15 Joules (com painel solar e bateria embutidos) é suficiente para carregar até 1.5Km de cerca.

3 – Como treinar para botar os ovos nos ninhos (e não no pasto) e mover o galinheiro

Para que as galinhas aprendam a botar os ovos dentro do galinheiro é necessário deixa-las presas de 1 a 2 dias dentro do mesmo. Também é preciso treinar as galinhas a subir para o galinheiro de noite, não deixando que se aninhem embaixo do galinheiro. É possível fazer isso simplesmente tocando as galinhas debaixo do galinheiro nas primeiras noites.

O movimento constante do galinheiro (de 3 em 3 dias) de um pasto para outro também faz com que as galinhas se acostumem a só colocar ovos nos ninhos dentro do galinheiro (por não se sentirem confortáveis para botar em lugares diferentes). Esse movimento constante dos galinheiros também ajuda a espalhar o adubo nos pastos.

Para mover o galinheiro de um ponto do pasto para outro deve-se deixar as galinhas trancadas da noite para o dia. Depois de mover o galinheiro e refazer a cerca é só soltar as galinhas.

[1] – Frangos para abate também podem ser criadas no pasto acompanhando o rodízio do gado, mas nesse caso são usadas gaiolas móveis (com 0.5m2 de área por ave).

[2] – Essa frase é do Joel Salatin e não foi usada para brincar com o meu irmão e sócio Osmany Segall, arquiteto talentoso que presume que todos nós (inclusive os animais) compartilhamos seu talento gostos arquitetônicos 😉 .

Artigos recentes